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09.03.2012

E Deus criou a mulher!

E Deus criou a mulher! *
Parece, à primeira vista, tratar-se de algum comentário sobre o filme francês que tanta polêmica gerou e atraiu grande número de espectadores às salas de projeções, em fins da década de 50. Quem, assim, pensou se enganou.
Na verdade, quero prestar a minha homenagem à mulher mãe e companheira, predicados que se interdependem nessa instituição que, em várias partes do mundo, é reverenciada no dia 8 de março, “Dia Internacional da Mulher”.
A data não traz boas lembranças. Em 1857, em Nova York – Estados Unidos, a força excludente da sociedade capitalista da época negou a 130 mulheres, que protestavam contra o insalubre ambiente de trabalho e os baixos salários que recebiam, o direito às suas reivindicações e as matou de forma trágica e cruel.
Mas, no plano das compensações, a data lembra, também, as conquistas por elas alcançadas, em 1917, na Rússia.
Por que, ainda em nossos dias, continua a mulher sendo subtraída dos seus direitos sociais?
Não foi a mulher criada tanto quanto o homem à imagem e semelhança de Deus, o que os nivela no mesmo patamar? Não lhe infundiu o Senhor, no penúltimo dos longos dias da Criação, a sua força geradora de vida para que com o homem povoassem e sujeitassem a terra? Para tanto, não lhe deu graça, não a fez atraente, provocante, sedutora e bela, atributos essenciais à estabilidade da relação com o companheiro e condição necessária ao desempenho dessa parceria? O Senhor, então, viu tudo que fizera, achou muito bom e os abençoou. Instituía, assim, naquele momento, a organização da família, unidade basilar que deveria assegurar e consolidar as sociedades futuras.
O Criador a distinguiu, ainda, com a dádiva maior que a enobrece e a eterniza, na memória das sucessivas gerações: Ser mãe. A tua vida será de desprendimento e doação total àquele que de ti nascer. Isto é amor. É a sublime opção da mulher ao cumprimento do mandamento divino. É a força propulsora que reforça o elo dessa cadeia que se projeta através dos séculos na consolidação de civilizações.
Não é uma luta de sexos. É o direito que tem a mulher de participar com o homem de toda ação transformadora da natureza que venha assegurar, pelo desenvolvimento tecnológico e científico, o pleno bem-estar da humanidade.
Por isso, na organização das sociedades através da história, o trabalho sempre foi a atividade mais importante da produção social.
Mas, à medida que crescia em complexidade quanto aos avanços obtidos, nos meios de produção, a mulher passou a se sentir mais segregada do processo, cabendo-lhe, conforme as diferentes culturas de cada povo, tarefas de menor importância.
A parceria estabelecida, no ato criador, parecia fenecer sob a hegemonia crescente do primado patriarcal. Restringiram-lhe a participação, no processo produtivo, menoscabando-lhe a capacidade criadora e o seu potencial de trabalho, atribuindo-lhe atividades secundárias, quase sempre, em condições perigosas, insalubres e exaustivas.
Mas, apesar de tudo, a mulher não desvaneceu. Na sequência dos tempos, sem abrir mão da sua predestinação biológica e histórica, perseguiu com tenacidade e obstinação os direitos que lhe são pertinentes como sujeito gerador de vidas e como agente, igualmente, da produção de bens.
Essa é a mulher, centro das nossas homenagens. A mulher companheira sempre pronta a compartilhar como elemento essencial, na estrutura da organização familiar. A mulher que se projeta pelo ensinamento que orienta e pelo amor que reflete sua abnegação, extrema sensibilidade e ternura para conduzir, no exercício da maternidade responsável, o desenvolvimento psicológico e moral da criança e do jovem com vista ao equilíbrio, nas suas relações sociais. A mulher trabalhadora que move e constrói, que participa e impulsiona as transformações que se operam, no tecido social, buscando para que, de forma equânime, haja a participação de todos, nos benefícios decorrentes das riquezas que pelo seu trabalho ajuda a produzir.
A essa guerreira, que hoje se levanta na busca do pleno direito que lhe confere a sua condição de cidadã, a nossa admiração na parceria construtiva; o nosso afeto à companheira de cumplicidade de todos os momentos e o nosso amor à mulher mãe, causa primeira da nossa existência.
E, assim, Deus criou a mulher. Viu, então, o Senhor tudo o quanto fizera, e eis que achou muito bom.
Houve tarde e manhã. Era o sexto dia da criação.
* Aymoré Alvim. Prof. Da UFMa e membro da Academia Maranhense de Medicina.

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