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Em 28 de outubro, comemora-se o Dia do Servidor Público. Servidor público é aquele camarada que o vizinho acha um entrave pro país, pois trabalha pouco, ganha muito, custa caro e não pode ser ...demitido. Para a população em geral, servidor público é um peso para o custo Brasil.
As pessoas só esquecem que sem o servidor público o país não dá um passo. E só na hora do aperreio é que sentem a importância dele. É quando você se arrebenta no trânsito e precisa da mão competente dos paramédicos do Samu. É quando você perde o emprego e vai precisar do seguro-desemprego. É quando você procura a justiça para resolver uma questão qualquer. É quando o seu plano não cobre aquela cirurgia de urgência e você vai parar na mão da equipe médica do hospital universitário. É quando seu filho passa no vestibular e você faz a maior festa porque ele conseguiu passar numa das melhores universidades do país... pública! É quando tem uma situação de insegurança e você liga pra polícia atrás de proteção...
A realidade é bem diferente dos estereótipos. Servidor público, em geral, ganha mal, abaixo de média do que ganharia com a sua qualificação (graduação, mestrado, doutorado etc) na iniciativa privada – nas empresas sérias, que realmente valorizam os seus colaboradores, registre-se. A imensa maioria dos servidores públicos é formada de gente honesta e trabalhadora, que cumpre seus horários e tenta fazer o melhor para a comunidade, por meio da sua repartição. A estabilidade não é um privilégio, mas sim um direito duramente conquistado, que protege o servidor contra desmandos de chefetes e politicagens. Os concursos públicos, na maioria quase absoluta dos casos, premiam a meritocracia, qualificam os quadros e melhoram as rotinas administrativas. Sempre que possível, a nossa carreira é prejudicada por uma “ação moralizadora”, que abocanha uma parte das nossas conquistas – como ocorreu, recentemente, com a aposentadoria dos servidores federais.
Servidor público não tem fundo de garantia. Servidor público não tem benefícios para se qualificar. Servidor público precisa vencer um mar de candidatos para galgar uma posição, muitas vezes abaixo do nível da sua qualificação (por exemplo: os cargos hoje que pedem “nível médio” estão, quase sempre, sendo preenchidos por pessoas já formadas ou na faculdade). Servidor público não tem ascensão na carreira – ou seja: se você fizer um concurso para nível médio, vai morrer como nível médio, fazendo funções de nível médio. E ainda tem que conviver com a falta de isonomia entre os poderes – um trabalhador que faz a mesma coisa que outro, mas está no legislativo, por exemplo, ganha mais que aquele que está no executivo.
O problema são as metonímias. A população pensa que todo servidor público passa o dia contando lorota. Acha que todo mundo ganha como um ministro de estado – ou seus assessores, que em geral não são funcionários de carreira. Acredita que todo funcionário público é corrupto.
Mas por que, então, os concursos chovem de gente, todo mundo querendo ser funcionário público? Resposta: porque nosso capitalismo é periférico, as carreiras nas empresas privadas são, via de regra, muito instáveis. Nesse cenário, ser servidor público, com as poucas garantias que a carreira oferece, é um oásis de felicidade num deserto de falta de oportunidades.
E há também carreiras que só encontram ancoradouro seguro nas instituições públicas, como a de professor universitário (que precisa, além do ensino, fazer pesquisa e extensão), a de militar, a de pesquisador, a de médico legista e tantas outras. São carreiras que na iniciativa privada praticamente não existem – ou existem pela metade.
Por tudo o que representa o serviço público para quem fez dele sua carreira, é motivo de festejar-se o 28 de outubro, sim. Aos servidores públicos que, com denodo, honram as suas carreiras e contribuem, de fato, para o crescimento do país, nas suas áreas de atuação específicas, os nossos parabéns. E deixem os vizinhos continuarem pensando que nós escondemos a metade do salário que ganhamos e passamos parte do dia num spa.
Marcos Fábio Belo Matos – Prof. Dr. do Curso de Comunicação Social – Jornalismo – da UFMA Imperatriz.
Fonte: http://www.recantodasletras.com.br/artigos/3955765