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27.04.2009

O risco da dúvida na saúde do idoso

Diagnóstico errado é o início de um tratamento equivocado que pode prejudicar ainda mais a saúde do idoso 

        O paciente da terceira idade é queixoso. Ele entra no consultório e reclama um pouco de tudo: doem as costas, a cabeça, as articulações, o peito. E o perigo está na atenção que o médico dá a essas reclamações. “Sente mais dor quem tem mais patologias. E o idoso sofre mais com doenças degenerativas. O problema é achar que ele deve sentir dor porque é velho. O sintoma precisa ser minuciosamente investigado”, explica o neurogeriatra Luiz Carlos Benthien, do Hospital Pilar, de Curitiba.
        A interpretação errada dos sintomas em pacientes idosos é mais arriscada do que em outras faixas etárias. O organismo debilitado pelo envelhecimento tem mais dificuldades para metabolizar os medicamentos. Os rins, por exemplo, funcionam com 40% da capacidade de um adulto jovem, mesmo em pessoas sem problemas renais crônicos. O mesmo ocorre com o fígado. A retenção de gordura e água no organismo do idoso é outro fator que altera a absorção dos componentes químicos. Por isso a indicação dos medicamentos deve ser criteriosa.
      “Além da combinação perigosa entre medicamentos, há os efeitos colaterais potencialmente arriscados em organismos idosos. Antes de receitar, o profissional precisa avaliar o nível do benefício que o medicamento, associado ou não, vai trazer ao paciente”, explica a neurologista Cláudia Baeta Panfílio, uma das coordenadoras do Simpósio Anual de Neurologia do Hospital Pilar, que ocorre no próximo sábado, em Curitiba. O evento vai reunir especialistas para discutir a abordagem do tratamento do paciente de terceira idade, a importância dos diagnósticos precisos, acompanhamento de demências e o alto uso de medicamentos pelos maiores de 60 anos.
        A administração correta dos medicamentos para idosos tem o objetivo de evitar perdas de qualidade de vida e até prejuízos à sua saúde. Além de sobrecarregar o organismo, medicamentos mal administrados – ou em doses erradas ou para curar problemas mal diagnosticados – podem provocar efeitos colaterais graves, intoxicação, ou mascarar outras doenças. É o que os médicos chamam de iatrogenese, quando um medicamento provoca outras doenças, ao invés de promover a cura do mal para o qual foi originalmente indicado. Remédios para labirintite, por exemplo, podem provocar sintomas de parksionismo, como tremores involuntários. O controle da hipertensão precisa cuidar para não provocar tonturas, que podem levar a desmaios e quedas, e por consequência, fraturas. Simples analgésicos são perigosos, se o paciente tiver outro problema de saúde. “Uma aspirina, para combater a dor, pode provocar sangramento gástrico, se o paciente tiver uma úlcera”, exemplifica Benthien.
       Por isso, além do acompanhamento médico rigoroso, é fundamental fugir da automedicação e da “empurroterapia”, praticada nos balcões de farmácia. “Sem saber, o paciente ou sua família estão ampliando o risco de complicações ao optar por um remédio sem a prescrição adequada”, diz o médico. Outro comportamento comum e extremamente perigoso é a caixinha de remédios guardada em casa. As sobras de medicamento, em geral, são reaproveitadas quando os sintomas reaparecem, adiando ainda mais uma solução definitiva para o problema. “Ou então o sujeito pega o comprimido que sobrou e repassa para a vizinha, na tentativa de ajudar em um problema de saúde semelhante ao dele. Dependendo do histórico da vizinha, pode haver mais complicações do que benefícios”, explica.
       Mas não basta ter a receita médica correta. É preciso seguir o tratamento. Deixar de tomar uma dose ou compensar na próxima administração também colocam a saúde em risco. Em asilos ou casas de repouso, as trocas de medicamento são comuns e arriscadas. Em casa, os cuidadores devem estar atentos às rotinas de administração de medicamentos. “O ideal é manter uma planilha com o horário, a dose e quem deu o remédio. Isso evita a falha ou intoxicações por doses duplicadas”, ensina Cláudia.

Longevidade leva a novos desafios
Mais idosos vivendo por mais tempo. A longevidade do brasileiro exige políticas públicas específicas de atendimento – na saúde, na previdência, na assistência social – e também direcionadas ao avanço científico. No passado, o cidadão morria de pneumonia ou tuberculose antes dos 50 anos. Agora, sofre de demências provocadas pelo Alzheimer ou o mal de Parkinson.

Demências
O abuso de medicamentos pode levar a demências por intoxicação. Elas regridem assim que o paciente é submetido ao tratamento correto. 

Tipos 
As demências podem ser degenerativas, como a provocada pelo Alzheimer; vasculares, resultado da má circulação sanguínea no cérebro; priônicas, causadas por mutação genética e por agentes externos; e reversíveis, produzidas pela intoxicação de medicamentos ou tumores e hematomas.

Tratamentos
Além do medicamento adequado, no caso das reversíveis, a eliminação do agente causador já leva à melhora necessária para o bem-estar do paciente. Em casos mais severos, há o monitoramento e a redução dos danos.

Prevenção
Estímulo neurológico e de interação social são fundamentais para manter a saúde mental. A neuropsicóloga Ticyana Moralez da Silva ensina exercícios simples, como fazer a lista do supermercado mentalmente para depois conferir o que falta na dispensa ou brincar de Stop com os netos: alguém recita o alfabeto e ao gritar “stop”, o parceiro precisa dizer as palavras que começam com a letra em que o adversário foi interrompido.

Fonte: FENAM/GAZETA DO POVO

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