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07.05.2013

Os 25 anos da Academia Maranhense de Medicina

José Márcio Soares Leite
                                        Decorreram 25 anos desde que ilustres médicos maranhenses,  tomaram a iniciativa de fundar a Academia Maranhense de Medicina, certamente que buscando inspiração na Académie Nationale de Médecine criada em 1820 pelo rei Luís XVIII de França, e na Academia Nacional de Medicina, fundada sob o reinado do imperador D. Pedro I, em 30 de junho de 1829, e cuja história confunde-se com a história do Brasil e é parte integrante e atuante na evolução da prática da medicina no país.
                  Dessarte, a Academia Maranhense de Medicina foi fundada e instalada no dia 25/04/1988, sendo sua primeira Diretoria integrada por eméritos discípulos de Hipócrates, os médicos: Antonio Nilo da Costa Filho, Presidente; Benedito Clementino de Siqueira Moura, Vice-Presidente, Aymoré de Castro Alvim, Secretario Geral; Maria do Socorro Moreira de Sousa, 2º. Secretario; Croce do Rego Castelo Branco, 3º. Secretario; José Ribeiro Quadros, 1º. Tesoureiro; Oswaldo Martins Bittencourt, 2º. Tesoureiro e William Soares de Brito, Diretor de Arquivo, Biblioteca e Museu, tendo como responsabilidade histórica o desenvolvimento e aprimoramento das questões éticas, técnicas e científicas da medicina, cujos horizontes vêm-se alargando no curso desses anos, em direção a um processo de ampliação das discussões dos assuntos e dos problemas de saúde da população, difundindo à classe  médica e a toda a  sociedade os princípios básicos dos direitos à vida, à saúde e ao bem-estar da população.
               O filósofo Goethe (1749-1832) nos deixou o legado de que “nada sabe de sua arte aquele que lhe desconhece a história”. 
A História da Medicina está montada em um tripé com três grandes vertentes: a histórica propriamente dita, as questões filosóficas e a ética, esta última norteando a postura médica, regulando o exercício profissional e humanizando o ato médico.
No Brasil a medicina teve um período colonial empírico, um período imperial, onde destacamos a instalação das primeiras Escolas Médicas na Bahia e no Rio de Janeiro; depois, uma fase republicana com os primeiros ensaios de prevenção das doenças, graças a Oswaldo Cruz e Emílio Ribas, e a atual, a da criação do Sistema Único de Saúde (SUS) na Constituição Federal de 1988.
  No Maranhão, destaca-se no período colonial, mais precisamente no momento da fundação da cidade de São Luis em 1612, a presença de um médico cirurgião francês, trazido na expedição de La Ravardière.  Foi ele Thomas de Lastre, que deixou-nos um grande exemplo de humanização da medicina, ao atender os seus adversários portugueses feridos na batalha de Guaxenduba, quando da retomada de São Luís pelos portugueses em 1614. Destacando-se ainda no período colonial o Hospital Militar, que foi o primeiro hospital do Maranhão. Também desse período o Hospital da Providência, que funcionava em casa alugada, cuja descrição está no livro Obras de João Francisco Lisboa, Vol. IV. Vida e Obra do Padre Antonio Vieira, onde existe um informe sobre este hospital (Casa de Saúde) fundado por este em 1653, que funcionava em um imóvel alugado e que se mantinha graças à caridade pública.  No período imperial tivemos o Hospital São José da Caridade dos Jesuítas, em 1814 e que em 1836, mudou-se para rua do Norte, onde está até hoje, com a denominação de Santa Casa de Misericórdia do Maranhão e, por último, o primeiro hospital privado, o Hospital Português de São João de Deus em 1869, da Real Sociedade Humanitária Primeiro de Dezembro. No período republicano foram construídos em São Luís, capital do estado, inúmeros hospitais públicos. Nesse período iniciou-se também a interiorização da medicina.
     O período atual inicia-se na década de 80, no século passado, e tem como características as especialidades médicas, os modernos equipamentos de apoio diagnóstico, os transplantes de órgãos, a terapia dita invasiva e os grandes avanços nos campos da imunogenética e biologia molecular.
Hodiernamente, contudo, não mais podemos distinguir ou dicotomizar a cura e a prevenção das doenças, mas pensar em um ser biológico integral em que os aspectos epidemiológicos e sociais assumam importante papel na gênese das enfermidades.
                    A Academia de Medicina do Maranhão, pautada nos seus ensinamentos, nos seus exemplos de sabedoria e entusiasmo, vem escrevendo a História da Medicina no Maranhão e contribuindo de forma dinâmica, por meio de seus pares, para seu aprimoramento.
                Tornar-se Acadêmico, portanto, significa que na sua prática o médico é reconhecido pelos seus pares como alguém capaz de compreender as pessoas além da doença.  É  um humanista, desperta a confiança de seus pacientes,  sabe da importância do ato médico, das suas atitudes e do uso generoso de suas palavras.
              Os colegas que nos antecederam como titulares e patronos nesta Academia puderam exercer suas atividades em épocas de desafios ainda maiores, no que tange à ocorrência de doenças, quer na sua determinação, quer na disponibilidade dos meio-diagnósticos necessários à sua elucidação. Tiveram eles, contudo, o privilégio de poder exercer em sua plenitude o grande postulado médico e ético da relação médico-paciente.
           Lutar pela conservação dos postulados éticos e da cultura médica, a par da aceitação dos avanços técnico-científicos da medicina que não contrariem esses postulados, este tem sido o papel da Academia Maranhense de Medicina, em seus 25 anos de existência.
*Presidente da Academia Maranhense de Medicina
PUBLICADO NO JORNAL O ESTADO DO MARANHÃO, DE 5/5/13                       

 

 

 

 

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